19/03/2007 14h51
À Mestra... com carinho.
Sandra Mara
para Rosa Pena
Hoje, quando nasceu o dia e os primeiros fachos de luz invadiram meu quarto, pensei em você com muito carinho. Pensei que que deveria te deixar uma mensagem especial, pela passagem do Dia Internacional da Mulher. Pensei que tinha obrigação de dizer que te olho, como quem olha a um espelho e que ao me olhar nesse espelho, passo horas tentanto retocar o que não gosto em mim e acentuar os traços que creio realçam o que tenho de melhor, só para ver se consigo chegar a ser um pouquinho só pareceida com você. Aí, te leio, te olho e percebo que o caminho está aberto e que a estrada me dá mil e umas possibilidades de seguir, respeitando a minha individualidade e aceitando minhas limitações.
Percebo também, que embora não tenha conseguido te escrever a mensagem que eu desejaria, ainda me resta a opção do e-mail, do bate-papo, franco e aberto que me fez querer ficar tão próxima de ti. Mas escrever para uma escritora, é como sorrir para o dentista, sempre pinta aquele medo de ele esteja pensando que o sorriso precisa de um ajuste aqui, outro alí. Então resolvi te escrever sem regras, sem métricas, sem preocupações estéticas, mesmo sabendo que você merece mais, muito mais. Mesmo sabendo que você merece poesia, música e todas as formas de manisfestação artítica capazes de tocar teu coração. Aí pensei em escrever sobre você, mulher guerreira, mulher que batalha, que luta para sobreviver nessa selva de pedras e individualismo. Falhou! Pensei mais um pouco e resolvi falar com a professora, com a cidadã, com aquela que sabe rodar a baiana sem sair do salto. Também não era com ela que eu queria falar. Quando tentei falar coma escritora, com a poetisa, com a prosadora, com a cronista, faltou o verbo, sumiram os predicados, as rimas, sobraram as exclamações e uma estranha sensação de incapacidade para verbalizar a emoção. São tantas mulheres em você, tantas e tão belas. E cada uma traz um mistério, um segredo, uma revelação. Foram tantas mulheres que encontrei numa única flor, que me perdi, admirando esse complexo de singularidades que te habitam.
Faltando-me a habilidade para dialogar com todas elas, me restou a única alternativa ainda não tentada. Faltou falar com a mãe. Ela é tão inteira, traz em si multiplas mulheres, que são capazes de amar, encantar e brigar com a mesma garrra e intensidade das outras. E é a ela que eu dedico meu dia, meu amor, meus versos inacabados, meus verbos sem ação, minha voz muda, minhas esperanças, meus sonhos, minha eterna gratidão pelo amor, pelo carinho, pela amizade, pela cumplicidade, pela verdade, pela certeza de que esse mundo é pequeno demais e que nesse momento qualquer distância torna-se pequena, diante da alegria que eu tenho de poder te dizer: Muito obrigada por ser essa luz e essa paz que somam tanta alegria aos meus dias. E no Dia Internacional da Mulher, você me dá a felicidade de aplaudir com orgulho, todas as mulheres que vivem em ti.
Boston, 08 de Março de 2006 - 5:13 pm
Publicado por Rosa Pena em 19/03/2007 às 14h51