(Djalma Filho)
- para Rosa Pena -
por que me fizeste assim maior que sou?
Sou teu igual,
existo para ser teu amante,
morador não nômade
toda consciência de qualquer existência é árdua,
ultrapassa os limites da banalidade e
de quem sempre anda acomodado num amor água com açúcar
[tipo: nem fede nem cheira]
daquele que pensa
que todos os dias da semana serão eternos Domingos
sem dorme ou acorda,
como se as noites e os dias não fossem moradores do relógio,
daquele que tem tudo
e acha muito fácil viver de renda
[sem compromisso]
enquanto há o paciente trabalho da conquista.
para ser teu morador,
caguei suando
qual passarinho que comeu pedras pela estrada;
para ser teu morador, fui de tudo um pouco:
bailarino do Bolshoi, bêbado de birosca, kardecista, apunculturista,
jogador de futebol, moreno, alto, louro, sarado, ativista, artista,
barítono do Barbeiro, estrangeiro, pentelho, halterofilista,
representante farmacêutico, escritor de notas frias,
locutor da Voz do Brasil, autor de tele-novelas,
sósia do Frank Sinatra, assistente social,
solidário no câncer, mineiro, canalha,
e tudo mais que foi possível.
por que te fiz assim maior que és?
És minha igual,
existes para ser minha amante,
moradora não nômade
Ah, passarinha - sei -
também comeste comigo as pedrinhas desta estrada.
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