07/06/2007 19h25
Verde e Amarela
Juro que vou ficar muito feliz se o Brasil ganhar a Copa Do Mundo. Ah! Isso é delírio em tempos de eleição? Sou então a mais profunda insana. Adoro minha nação com todos os podres dela. Amo ver minha bandeira verde e amarela no pódio. Sem o preto que você quer pintar nela. Adoro as cores originais. Analfabetismo, fome, violência, corrupção? Eu não esqueci não, mas também não me esqueci do fascismo na Itália, das mães da praça de maio, do muro de Berlim, das torres gêmeas em USA, dos metrôs bombardeados na Europa, das crianças de Beslan na Rússia e tantos outros funestos em função de um mensalão globalizado, que sequer cabem aqui. Você não acha que é só no nosso país que se passa a mão nos cofres públicos, que é só em nossa nação que existe injustiça social, que só nós que não temos memória. Tenho certeza que não acha isso. Você é culto! Então porque o seu espanto em ver momentos de encanto em nosso povo sofrido? Só os donos dos euros podem vibrar sem peso e sem culpa? Acha?

 Que tal acabar o circo mundial e ser só copa dos poderosos? 
Eu não estou dando uma de Poliana, mas o que seria do mundo se ele de vez em quando não soltasse gritos gerais de alegria? Luto todos os dias? 
E se é para alguém gritar de euforia que sejamos nós. Sinto informar aos mais cultos como você, que ainda tenho orgulho em ser brasileira com ou sem Copa, ainda choro ao ouvir nosso hino e beijo nossa bandeira com emoção. 
Entre outros mil... És tu Brasil! 

 


Publicado por Rosa Pena em 07/06/2007 às 19h25
 
06/06/2007 18h31
Prosa do Amigo
Rosa Pena
para Ricardo Mainieri

"Um bicho igual à mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover"

Soneto do Amigo/Vinicius de Moraes



Então era isso o que Vinicius dizia? Ah! Alguém que discorda sem arrumar defeitos, que tem os braços estendidos não só para segurar às quedas, mas principalmente para brindar às vitórias, que não falta e nem excede, não pesa e nem esmaga com a presença ou com palavras de falsa inocência? Que consegue assoviar passarinho ainda que numa gaiola chamada net? Que não muda as coisas de cor de acordo com o humor, que não faz contenção de carinho, mas também não desperdiça charme, pois sabe que não é ator de chanchada, que não muda o andar na metade do caminho por saber que ninguém se basta na turma do "eu sozinho"?

E é poeta com o perfume das flores que ainda virão, das nuvens carregadas de lirismo que chovem aos pouquinhos, sem forçar barra, sem previsão do amanhã. De quebra ainda ama por inteiro blues!
Vinicius sempre teve cabeça. Um ser que a vida não explica, mas em tempos de divisão você em minha alma multiplica emoção. Nós temos aqui um cantinho e um violão guardados pra você.E o Corcovado vai ter muito prazer em te rever tchê!



foto: Rosa Pena, Ricardo Mainieri e Lilian Maial

Publicado por Rosa Pena em 06/06/2007 às 18h31
 
25/05/2007 08h30
Vinho Vivaldi Veneza
Rosa Pena

Com o corpo em feriado
coração coberto de fantasia
nada planejado
para cada novo dia.
Esqueci a pia
afoguei o maldito fogão.
Tutto il mondo cão!

Sem destino:

Eu menina
você menino
ambos de gosto fino
segue uma sugestão:

- Que tal um passeio em Veneza?

Mas, attenzione:
Nada de esperteza
Quero um apertão
bem na cara do gondoleiro.

Baccinho, baccinho...Tchau, Tchau pessoal.

Publicado por Rosa Pena em 25/05/2007 às 08h30
 
22/05/2007 11h04
.................

Você não veio

Rosa Pena

Esperei e nada.
Você não compareceu
na hora marcada.
 
Fiquei na rua.
Cadê a lua?
Também fez firula.
 
 
Liguei pro seu celular.
Deixei recado.
Só vinha mensagem:
Fora de área
 Desligado.
 
Pressentia
Você faltaria.
Tentei disfarçar
Fiquei naquele bar.
 
Ouvi Yesterday
The sounds of silence
Chorei!
 
Tomei um vinho rose
para tingir de alegria
a negra nostalgia
De não ter você.
 
 
Voltei para casa
final da madrugada.
Abracei o travesseiro.
Falei baixinho pra ele:
Vamos ver quem dorme primeiro? 
 
11/6/2002


Saiba mais sobre a:
"Autora"

 


Publicado por Rosa Pena em 22/05/2007 às 11h04
 
02/05/2007 22h26
Sem vergonha

Sem vergonha de ser feliz

rosa pena

 

A paz finalmente invadiu o meu coração.Vejo o quanto Deus tem me dado. E como por vezes esqueci de dizer obrigada. Olho o sol e sorrio. Será que de longe eu vejo melhor?

Relembro o ontem tão perto e agora distante. O lançamento de meu livro novo, tantos amigos, minha família tão linda ao meu lado e eu me prendendo em duas ou três pessoas que não conseguem ver esse sol que se expõe só para quem tem olhos pra vê-lo.

Penso em meus ídolos, penso sem pretensão alguma que talvez eu já tenha virado uma referência para alguns. Se assim for , lógico que vem cobrança. Eu tenho que aprender a conviver com ela, ainda que por vezes ela machuque, mas merthiolate é incolor e nem arde mais. Passo um pouco nas antigas feridas e sigo agradecida a Deus e bem atrevida nas letras, na vida.Quanta coisa vou ter pra contar quando voltar pro meu lar.


Minha filha antes deu viajar disse-me: Mãe você é o maior barato.Só isso já vale um fã clube.

Vou de Mãos Dadas com Drummond e com quem mais quiser me dar a mão.
A vida é bonita , é bonita, é bonita . Você sempre teve razão Gonzaguinha.
Muito sem vergonha de ser feliz é bom demais.

Lisboa 2 de maio 2007



Mãos Dadas
Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco;
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.


Publicado por Rosa Pena em 02/05/2007 às 22h26



Página 38 de 56 « 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 » «anterior próxima»





Site do Escritor criado por Recanto das Letras
art by kate weiss design