*Natal dos Covardes*
Marcelo Freixo.
O que diriam os pregadores da intolerância, os obreiros do justiçamento, os apóstolos do olho por olho dente por dente sobre um homem que manifestou seu amor por um ladrão condenado e lhe prometeu o paraíso? Brandiriam o velho sermonário: bandido bom é bandido morto?
Hoje, quase todos os brasileiros, inclusive os cônscios moralistas da violência que amarram adolescentes em postes para linchá-los, se reunirão com suas famílias para celebrar mais uma vez o nascimento desse homem.
Sujeito, aliás, que respondeu à provocação: está com pena? Então, leva para casa! Pois, é. Jesus Cristo prometeu levar o ladrão para casa. "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso", diz o evangelho de Lucas.
Jesus optou pelos oprimidos e renegados, pelos miseráveis, leprosos, prostitutas, bandidos. Solidarizou-se com o refugo da sociedade em que viveu, contestou a ordem que os excluiu.
O Cristo bíblico foi um dos primeiros e mais inspiradores defensores dos direitos humanos e morreu por isso. Foi perseguido, supliciado e executado pelo Império Romano para servir de exemplo.
Assim como servem de exemplo os jovens que são espancados e crucificados em postes, na ilusão de que a violência se resolve com violência. Conhecemos a mensagem cristã, mas preferimos a prática romana. Somos os algozes.
Questiono-me sobre o que seria dele em nossa Jerusalém de justiceiros. Não sei se sobreviveria. É perigoso defender a tolerância, o amor ao próximo e o perdão quando o ódio é tão banal. Como escreveu Guimarães Rosa: "quando vier, que venha armado".
Não é difícil imaginar por onde ele andaria. Sem dúvida, não estaria com os fariseus que conclamam a violência e fazem negócios, inclusive políticos, em seu nome.
Caminharia pelos presídios, centros de amnésia da nossa desumanidade, onde entulhamos aqueles que descartamos e queremos esquecer, os leprosos do século 21. Impediria que homossexuais fossem apedrejados, mulheres violentadas e jovens negros linchados em praça pública. Estaria com os favelados, sertanejos, sem tetos e sem terras.
Por ironia, no próximo Natal, aqueles que defendem a redução da maioridade penal, pregam o endurecimento do sistema prisional, sonham com a pena de morte e fingem não ver os crimes praticados pelo Estado contra os pobres receberão um condenado em suas casas.
Diante da mesa farta, espero que as ideias e a história desse homem sirvam, pelo menos, como uma provocação à reflexão. Paulo Freire dizia que amar é um ato de coragem. Deixemos então o ódio para os covardes.
"Chamam de louca a mulher que desafia as regras e não se conforma. Chamam de louca a mulher cheia de erotismo, de vida e de tesão. Chamam de louca a mulher que resiste e não desiste. Chamam de louca a mulher que diz sim e a mulher que diz não. Não importa o que façamos nos chamam de louca. Se levamos a fama, vamos sim deitar na cama. Vamos sabotar as engrenagens desse sistema de opressão. Vamos sabotar as engrenagens desse sistema homofóbico, racista, patriarcal, machista e misógino. Vamos jogar na fogueira as camisas de força da submissão, da tirania e da repressão. Vamos libertar todas nós e todos vocês. Nossa luta está apenas começando. Prepare-se porque essa revolução não tem volta. Bora sabotar tudo isso?"
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Há quem reclame que colocamos fotos bonitas na rede. E alguém coloca foto feia em porta-retratos? Aqui é mais. É uma galeria.
Eu só não gosto de receber dois tipos de fotos : A que não é a fulana (falsa) e as em que a pessoa está mal, muito doente e a dita cuja ou a família cisma em compartilhar o momento íntimo de dor com milhares de outras que nunca viu e talvez jamais verá.
A se expor coloca a mais bonita, o seu melhor ângulo, um momento "tchan" e deixa os que não são amigos se mordendo de raiva. A ira é bem melhor que a dó. Não gosto de ser coitada. Coitado é o miserável, desgraçado, infeliz ou o corno.
Pobre coitado de quem gosta de ser coitado.
andré dahmer
Ausência de lágrimas
Rosa Pena
Hoje acordei pensando que cada noite deveria ser duas. Não quero ser duas pessoas. Quero o tempo de duas noites.
Sinto que sou amante de “Macbeth”. Foi ele quem assassinou o sono? Sou prima-irmã do Souza Cruz. Não sei quem inventou o cigarro, então vai ele mesmo.
Acho que devia ter nascido lésbica, apesar de que não ia segurar o preconceito dos heteros, que são de dois tipos: os que te odeiam pela frente e os que te odeiam pelas costas. E também adoro homem, sexualmente falando.
Acho que estou sofrendo um “desequilíbrio químico, um curto-circuito das minhas combinações nervosas”. Porque a única coisa que sei, neste exato momento, é que... as noites são minhas companheiras; o cigarro é meu amigo do peito (amigo traidor, mas só vou descobrir depois que estiver ferrada); as mulheres são as únicas que estão conseguindo me ouvir.
Sinto meu coração vazio de fantasias. Não tenho por quem sonhar.
Parei de chorar em filmes românticos, e Djavan já não me emociona.
Quero sentir pena da Maria, em Esperança, e ficar arrasada com amores impossíveis. Preciso de um segredo.
Nunca rifaria meu coração, como aqui na net já li... Mas o alugo... Sim, a um homem que me permita amá-lo. Nada exijo do meu inquilino. Apenas peço a ele a permissão de usá-lo como meu muso inspirador. E de vez em quando uma palavra de afeto.
Essa palavra que me daria o direito de sonhar com o impossível que seja, mas preencheria este vazio absurdo que estou sentindo.
Tá doendo, a ausência de lágrimas.
2001
Livro/ Com Licença da Palavra.
ps: parei de fumar em 2008
Minha obra completa em meu site pessoal.Clique:www.rosapena.com
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