My name is Pena,

                                                           Rosa Pena

No dia das mães resolvemos almoçar no Delírio Tropical. Restaurante lotado, mas fomos atendidos bem rápido pelo Rodolfo. Bem eficiente o rapaz. 

Minha prima perguntou desde quando eu conhecia o garçom. Afirmei que o conheci no instante em que fiz o pedido de nosso prato, mas sempre que entro num restaurante ou em qualquer estabelecimento busco ver o nome da pessoa no crachá. Acho terrível alienar o nome da pessoa. 

— Você sempre inventa alguma moda Rosa.

Nasceu temporã a filha da cabeleireira Marlene e todos se perguntavam quem era o pai, pois o marido da grande Leninha que alisava bem pra dedéu as madeixas da gente, tinha se mandado há anos. Até que nasceu bonitinha a irmã do Marquinhos, esse sim era um dos mais assediados da rua, um tesouro de olhos verdes, cujo pai todos desconfiam ser seu Issac dono da farmácia, um romeno lindão. Que coroa! 

Na adolescência a rapariga pintou os cabelos bem cheguei e passou a ser a ruiva do colégio. Chamava atenção seu jeito um tanto atrevido para época e logo virou a namorada do inspetor. Quase foi expulsa da escola. Adulta casou com um político e posava cheia de garbo, se achando a Greta, como mulher de vereador, mas não sossegou por aí e de forma pioneira chifrou o marido em praça pública, "ipsi literi", pois a décima DP ficava numa pracinha, então virou a amante do delegado. Teve uma filha com o policial e essa participou do concurso de miss RJ, daí virou a mãe da antiga miss que posou nua e atualmente é manicure numa espelunca no baixo Leblon.

Na semana anterior eu tinha visto no jornal uma foto com o aviso do falecimento de uma Maria Cândida. Reconheci aquele rosto de algum lugar, mas o nome não conferia com ninguém que eu conhecia. Perguntei para minha prima querida, nesse almoço dos dias das mães, se era alguma celebridade que entra muda e sai calada na novela das oito. Ela é viciada em TV, virou colega (quase maninha) da Ana Maria Braga. A vida dela só começa depois do programa.

— NÃOOOOOOOOO! É a filha da cabeleireira, a irmã do Marcos que é filho do seu Isaac, a ex do vereador que chifrou o marido com o delegado da décima, mãe daquela miss pelada que virou manicure de araque. Lembrou?

— Ah! Coitada. Nasceu num ponto de interrogação, viveu no de exclamação e morreu entre vírgulas. Aqui jaz um aposto!

 Por isso que busco o nome das pessoas. Já pensou quando você morrer e só for identificada como a prima da Rosa Pena?

— Vai à merda sua metida de uma figa. 

Vixe Maria! Não entendo porque tanta irritação! Rola sempre estresse em reuniões de família.  Vou fazer uma viagem no natal.