Visionário
Rosa Pena
Desisto do meu jeito!
Convenci-me que é defeito.
Venceu o preconceito.
Fico austera.
Coloco nó na gravata,
abuso da palavra ingrata,
separo o leite da nata.
Totalmente severa.
Reclamo o minuto perdido,
numa serenata.
Abdico de cruzar pontes,
mudar o enredo
que imaginei aos montes.
Debocho de segredos.
Reclamo do meu peito visionário.
Produto ordinário,
de segunda mão!
Teima em bater em vão.
Tolo ainda acredita
que perto do infinito
existe um coração,
que sonha igual ao meu.
—Atenção!
Shakespeare matou o último Romeu.