2006 | 2007

Saravá, Mermão!

Rosa Pena

 

 

 

 

 

Você jura que eu tenho que fazer a retrospectiva de 2006, lembrar de tudo pra me irritar e também me emocionar pra cacete? Que vou ser obrigada a reconhecer que o ano não foi uma merda, por mais que seja moda dizer que foi? Que apesar dos nossos piripaques de saúde, de nossa quase falência financeira, dos arrastões à beira-mar, manchando mais ainda o nosso Rio de Janeiro, da Amil, que aumenta mais rápido que a nossa idade, da vida sexual intensa dos políticos com o povo (foda em cima de foda), do caseiro — que adorávamos — ter nos colocado na Justiça do Trabalho (só pra dar a grana pra Igreja Universal), que o Dirceu encheu o saco e mesmo assim ocupou a primeira página dos jornais no lugar da fome, que ainda tem gente que pensa que pode falar: “Sabe com quem está falando?”, que alguns adoram uma baixaria, pra ganhar notoriedade se achando celebridade? Que agora o preconceito contra o homossexual chegou até ao Vaticano, apesar de padre fazer voto de castidade? Essa eu não entendi! Que em certos meses, achei que tinha mais dragão do que São Jorge no mundo, que as novelas globais estão cada dia mais parecidas com sexy hot da TV a cabo, que agora se dá beijo na boca de olho aberto, pra não ser assaltado, que quem presta serviços e ganha pra isso, ainda pensa que pode pagar decisão no cliente, que alguns que escrevem literatura de auto-ajuda são viciados em Frontal, que os que falam tão mal do sensual adoram uma tiazinha com chicote e etc e tal, que nossa filha chorou algumas novas decepções, que mataram tantos por nada em nome da paz, essa eu nunca entendi, que o Bush continua no poder? Que finalmente o salário mínimo virou 100 dólares e os dólares passaram a quase nada valer aqui? Que eu morri de saudades de meus pais, que senti um medo enorme de ficar sem você e mesmo assim não tô maluca por não conseguir achar 2006 uma droga? Enquanto existir no mundo Daianes dos Santos, Verissimos, o sorriso no rosto lindo da nossa filha, a lua me instigando a poetar e os seus braços fortes me fechando num abraço... eu digo:

 

— Meu ano foi muito bom sim.

Saravá, mermão! 2007 tá na mão.




Feliz Ano Novo

(feita em 2005, refeita em 2006)




Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 01/12/2005
Alterado em 22/10/2008
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