Uma idiota contente

 

Rosa Pena

 

 

 

Traga um caldinho de feijão, mas com a cachaça separada. É despedida, apesar de ser nascimento.
Agora que 2008 ta na boca eu vou partir para as promessas!

Prometo zerar o meu QI, portanto não me incomodarei se a Preta Gil virar deputada, afinal o pai é ministro, como também comprarei o CD da dupla Garotinho & Rosinha se eles gravarem, afinal governadores podem virar cantores, aliás, o Fábio Júnior deveria escrever um livro: As Abelhas gélidas, lançar na Bienal, todo mundo lança com ou sem perfume, depois se candidatar a Presidente da República e quem sabe um dia ocupar a cadeira na ABL no lugar do Sarney. Prefiro abelhas geladas a marimbondos de fogo, e por falar em bichinhos, vou me preocupar mais com a salvação dos pombos, buscarei os antigos Centros Educacionais (cieps) abandonados e pedirei ao meu governador Cabralzinho, filho do intelectual de esquerda Sérgio Cabral para me ajudar a abrir a Ong Marquesa de Pombal, já que o local não vira escola de jeito algum, que era o grande sonho do Darcy Ribeiro amigo do Cabral pai. Sobrou salvar pombos e quem sabe pardais. Viva os pardais que vieram com o Pedro Álvares.Será que o dirigente é parente do descobridor? Sempre são.


Pelejarei para que o Romário venha a ser Ministro da Cultura, acho que ele joga muito, quase tanto quanto o Pelé, como também torcerei para que a Milene ex do Ronaldinho venha ser a embaixadora do Brasil em Bogotá. Ela faz embaixadinha como ninguém. Acho também que o Chapolin deveria tentar um clima de conciliação com o Bush, afinal ele sempre foi o melhor amigo do Chaves clone do Chávez e quem sabe se com gerundismo, não vou estar achando a paz mundial?

Dedicar-me-ei a estudar mais a nossa língua e se não fi-lo até agora, errei pra cacete. Ai! Baixei o nível, falta de hábito, no lugar do cacete leia descabidamente. Usarei palavras difíceis e de sentido vago, garimpadas no Aurélio, porém bonitas como as sobrancelhas da Malu Mader. Serei uma escriba res_peitada. Agora todo mundo que escreve lindo usa esse tracinho na escrita. Peitada separada de res, significa respeito acompanhado de silicone
.

 

Também torcerei pelas Olimpíadas no Brasil, mas lutarei para dar um basta em treinador estrangeiro na nossa ginástica. Carlinhos de Jesus, por exemplo, pode ser treinador. Ninguém entende mais do que ele de twist-carpado, aliás, se for tango-incorpado ele manda melhor ainda.

Mudarei o cigarro por cachimbo, não faz tanto mal ao planeta e é elegante, segundo a Glória Kalil e passarei a copiar as mensagens sem autoria como a Ana Maria Braga. Pra que autor se ela é tão venerada e até virou escritora com autoria registrada? Também quem me mandou não ter um louro José, mas sim um moreno Tuninho?

Vestirei um branco de plebéia para ouvir o Rei de azul e chorar rios como o Javari, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu (afluentes da esquerda), pelas perdas, ainda que eu considere que tive bons ganhos esse ano. Essas datas foram feitas para debulhar-se em lágrimas comendo nozes e criar um climão de despedida e saudade. Inculto é que ri com a boca cheia de rabanada.

Não soltarei mais minhas sonoras gargalhadas, serei enigmática e problemática, como manda a cultura atual.

Mas uma intelectual escreve essas merdas que escrevi agora?

 

Desisto de tentar fazer uma crônica ajuizada de final de ano. Zerei meu QI antes da promessa, só pode ser isso. Essa droga ficará como esboço guardado, como tantos cérebros ajuizados já me avisaram: Guarda o que escreve, não publica o que lhe vem na cabeça. Isto virou um bloqueio de uns meses pra cá, perdi a espontaneidade de escrever minhas abobrinhas diante desse mundo tão sério, tão correto, onde fazem até leis para proibir o gerúndio, soltar traficante e assim por diante. Quero a Orca para presidente.

 

A senhora tomou só a cachaça, o caldinho não estava bom?

Nem provei, ficou esquecido junto com as promessas que acabei de escrever. Sou uma besta que escreve um monte de asneiras, que acabam virando rascunhos. Mas a vida não é um eterno debuxo que só se completa com a morte?

Está de porre?

Não, apenas me dispersei pensando no Ferreira Gullar.
Deixe-me com meus erros e minhas loucuras. “Não quero ter razão, eu quero é ser feliz”.

Fecha a conta, pois ainda preciso comprar um vestido vermelho "bem cheguei" e cometer bastantes desacertos. Pra começar, publico essa droga. Lá vem o Gullar palpitar novamente: "O homem, invenção de si mesmo”.
 Reinvento-me, como sempre fui, em 2008. Uma idiota contente.

 

 

Feliz 2008

 

Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 17/12/2007
Alterado em 03/08/2008
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