tempo...tempo...tempo
Rosa Pena
Não teve bloco de novo? Outros carnavais virão, dois anos de espera não é nada. Você não tem a minha urgência. O tempo, esse bicho maluco, que para você é tartaruga e para mim tem asas, que para você é estático e para mim é dinâmico, não é nem nunca foi santo, mas para você ainda possui muito encanto! Aí que reside à suprema magia.
Agora é o seu tempo debrincar bem safada com ele. Animal selvagem nos seus olhos, que você desafia com a força de uma onça e que agora é uma gatinha domesticada nos meus, se contenta em só ver o acontecer nos outros.
O tempo que por aí avança em esperanças, aqui retroage em lembranças. No seu relógio as alegrias pintam, aqui descascam por falta de tintas. Na pista da fórmula vida, a tristeza em você é Ferrari, o ontem virou muito tempo, aqui é um fusquinha usado, que enguiça logo na partida; ignição presa no mais longínquo anteontem. Suas angústias derrapam na pressa, as minhas estacionam na inércia.
O tempo comigo é inclemente e teimosamente cismou em tatuar minha face, volúvel cultua agora só o seu rosto. Versátil e sábio calendário, que teima em matar a cada dia uma "Meryl Streep " e renascer intensa em "Cruellas".
Para você há tempo de beijar muito.
obs:De preferência em peitos peludos.