Racional
 Rosa Pena


Não sou Carolina, mas o tempo passou e eu não vi.
Agora, restam-me apenas palavras.
Confissões de amor que passam por você batidas, com certeza nem lidas, que dirá sentidas.
Não vou chorar. Cansei de ficar com o nariz entupido.
Aceito ter como companheiro da noite, o controle remoto.
Vou considerar que os calores que sinto, não é tesão.
É fogose da menopausa.
Verei minha inquietude como raiva, porque o feijão queimou.
Não vou levar mais sustos com o soar do telefone de madrugada.
Abaixarei a campainha.

Lerei agora sobre política, única e exclusivamente.
Fecharei as cortinas ao pôr do sol. Não quero vê-lo.
Estrelas no céu, são apenas astros luminosos.
O barulho do mar é conseqüência de algum vento presente, que o agita.
Não quero mais andar nua na chuva. Fico resfriada.
Vou vestir tailleur bege em casamentos e eventos.
Meus jeans desbotados, serão doados.
Meu riso será contido, escondido...colocarei a mão na boca.
Exigirei ser chamada de dona, de senhora.
Abdiquei de você.
Não estou funesta, nem em festa.
Virei apenas racional,sem razão de viver.


livro/ Com Licença da palavra.


 
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 08/06/2021
Alterado em 08/06/2021





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