Felicidade Clandestina
Rosa Pena
Os momentos têm sido tristes. Ver estatísticas sem vida. Tento falar com minha neta sobre felicidade. Dizer, como dizia antes, que no futuro haverá ilimitadas possibilidades se abrindo diante dela. Será?
Ontem o Ademar, dono do bar da esquina, que sempre deu chicletes pra ela, morreu de Covid. Ela soube e ficou quietinha no telefone. Danada vontade de dar uns beijos nela. Anda tão forte que o médico me deu antidepressivos e acabou por dizer: Vá vê-la:-De longe, de máscara.
Fiquei ansiosa como uma criança que desembrulha um presente e imaginei o momento. Muito emocionada fui e depois de olha-la muito, nos preparamos para um abraço de costas.
Essa alegria não passaria na alfândega. É uma Felicidade Clandestina
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 28/06/2020