Na Coxia
Rosa Pena
Ele não queria ser o protagonista na vida dela. Ele queria apenas ela. — Eu gostaria de ser só o seu corno! Já teve um corno antes? Não? Poucas merecem ter um corno como eu... Merde! E veja, eu não gostaria de ser seu corno enganado — o último a saber, você inventando mil desculpas pra diminuir sua culpa em relação a moi! Gostaria de ser seu corno orgulhoso; desfilar no meio das suas pernas, ostentando um imenso par de chifres; pior, bota masoquista nisso, eu gostaria de poder ser o seu corno, com você descaradamente me traindo com o seu futuro marido e eu ciente indecente da sua falta de juízo, sabendo que num piscar, sou largado, posto de lado, totalmente descartável! Será que dá pra entender? Entrar lá no fundão da minha alma com esse seu sonar/radar filho da puta que lê o Braille do meu sentir?
Esta foi a proposta mais decente e apaixonada que ela recebeu de um homem. Ser corno não é pra qualquer macho, não!
Ele ganhou, com este caco, o papel principal na vida dela. O noivo? Virou coadjuvante. Ficou bem no papel de corno inconsciente.
livro UI
(imagem Corno/ artista nascido em Quebec de estatura internacional)
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 01/11/2005
Alterado em 03/11/2013