Na sexta começou a lenga lenga. Marlene odiava a falta de ânimo de Andrade. Vamos amanhã ao cinema? Sábado tem fila, minhas pernas incham. Vê no Now! A churrascaria? Com o colesterol que estou? A festa da Mirtes, vai estar animada, muita música e cerveja?!.Lá sempre é uma zona. Marlene, enfim, decretou: - Não fico mais nenhum sábado em casa. Estou com cinquenta anos. Se viver com saúde até os setenta tenho só mais novecentos e sessenta sábados. Por ano são quarenta e oito, vezes vinte. Faz as contas, faz!!. Ah! Sairei agora so-zi-nha. Andrade gritou que sozinha jamais. Marlene desandou a chorar, e ele fez questão de lembrar que tinha pressão alta, um stent no coração, não podia se aborrecer. Pura chantagem.
Marlene calou-se e foi ver Haja Coração.
No meio da noite, viu o marido levantar cambaleando e cair durinho no chão. Quando a ambulância chegou já estava morto. Não chorou. O enterro foi no sábado. Estreou o pretinho da liquidação da Marisa. Programinha de merda, mas melhor que ficar em casa, né?