H2O
Rosa Pena
Sou onda,
que bate e volta,
nos abrolhos
deixo a pedra redonda,
mas não solta,
desço a ladeira,
broto nos olhos
deslizo na cachoeira.
Vou nessa.
Tenho pressa.
Não matei a tua sede.
Descarto a chaleira
fervo no micro-ondas.
Desisto de lavar nosso lençol,
fico a secar ao sol.
Não mais imploro.
Evaporo.
Vou voltar.
Outra terra?
Outro rio?
Outro mar?
Outro rosto?
Sem desgosto
não sou mágoa,
apenas água.
Incolor
sem odor
só amor.