— Será que é isso? O amor é apenas uma visita? Algumas agradáveis outras nem tanto? Por vezes só tesão em outras para suprir solidão? Estranho dividir a cama com alguém que depois vira um estranho ou ficar asfixiada numa relação por conta de filhos, sociedade, medo (desatualizado) de um divórcio? Empobrecimento por dividir em dois um patrimônio? O fato, por mais simples que pareça e seja lá porque motivo, faz falta, cria um vácuo existencial e a vida perde a lógica se o coração viver oco.
Laís percebeu que foi trocada. De 44 por 36. Se sentiu uma blusa. A despedida foi seca. Gostaria de ter ouvido palavras mais sentidas, ainda que mentirosas. No início foi comparada a dançarina azul de Degas. Que queda!
Aparece outra e a dispensa é fria e rápida. A traída gela de raiva, mas o grito congelado fica preso na garganta. Ri, pois o riso esconde o sentimento de derrota. Um tchau ridículo depois de tantas safadezas na cama, de tanto beijo na boca, de tanto Miojo à meia-noite, de tanto cheiro no cangote.
Nunca mais saberá se quando ele acorda sente dor nas costas.
Nunca mais saberá se quando ele liga a TV adormece imediatamente.
Nunca mais saberá se “ele amou como ela amou / Quis o bem que ela quis / Oh! insensato coração / Por que me fizeste sofrer?”
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 25/07/2015
Alterado em 25/07/2015