Crônica da terceira
Rosa Pena
Períodos de limite são difíceis. Duros. Pedem de nós uma força que por vezes não temos. Não é todo dia que queremos arcar com as verdades escritas no espelho. Ah, alguns dentes são próteses, um bigode chinês incomoda muito a gente, dois incomodam muito mais, complicado o peitinho meio caidinho, o que sobrou foi uma bunda com estria. Será que ainda existe um resquício mínimo que não seja a plástica, de renascimento? Tanta coisa renasceu, musa deveria estar no movimento.
Não é todo dia que temos fôlego para questionar que a terceira idade é a feliz, será tão feliz assim? Que o importante são as emoções que vivi, ainda mais quando a unha começa a nascer dura, a ponta do nariz a cair e o cabelo da vulva fica ralo. Pode dizer que não se incomoda, pois o que importa é o interior. Concordo se for da casa. Um puta sofá Lala lá...
Tudo se altera quando as velas do bolo disparam: lá se vai a crença de que se pode cortar o cabelo do jeito que quiser que o rosto resiste...resistia! Agora a nareba cresce etc. Fica martelando na cabeça que o tempo de fazer e acontecer é até o meio da segunda idade.
A partir daí ainda vão advir coisas muito lindas, netos principalmente, mas esporadicas e exaustivas. A vontade de assistir um rock in rio e o joelho não permitir, deixa um gosto amargo.
Vai.... Faz um discursinho que é felicíssima. Bom para você que curte plano de saúde.
Vão dizer que estou errada, mas o Belchior já disse “Ainda somos os mesmos. E vivemos. Ainda somos os mesmos. E vivemos. Como Os Nossos Pais” e nossos filhos da segunda nos acham camisolões:– Cuidado para atravessar! Pra comer! Pra.....paparapapá!
Tem jeito não. Você só dá um novo Tchan no seu currículo se o lá de cima estiver na “siesta”.Caso contrário seu emocional fica igual ao cabelo da vulva. Ralo!
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 17/04/2015
Alterado em 17/04/2015