Memória de meus putos alegrinhos.
Rosa Pena
Alice conheceu-o na praia num verão em que foi para Floripa. Ele tinha vinte e poucos aninhos.
— Que fôlego, que corpo e que bom humor José Augusto trazia consigo, a qualquer a hora do dia ou da noite. O inevitável que uma mulher caliente não evita (nem a Perón) aconteceu. Ela nunca disse como o Chico na canção dele que “Deus dará!” Na dúvida ô nega, deu foi logo! Jurou na época que a Ilha era realmente da magia, pois só em delírios encontraria um Romeu que não se satisfazia jamais, pedia bis, bis, bis! Um touro. Olé! Que alegria lhe dava o Guto, seu apelido matutino, a noite preferia ser chamado de Zé! Ó estrela!
Quase um mês de gozo dobrado. Ai! Maldito comprimido de Arcalion que seu doutor receitou pra melhorar sua astenia física, a perda psíquica e intelectual; tão maldito quanto o acidente com a moto do Guto ou Zé, acidente sério com direito a foto na primeira página do jornal local. Se não fosse pelo desastre ela jamais saberia do irmão gêmeo, o Luiz ou vice-versa. Quando olhou bem o retrato no matutino da ilha reparou na mínima diferença da boca. Ah! Beijou muito, mais ainda, se acabou nas duas! Funesta ética que a fez bancar a traída e falar que não aceitava a sacanagem de revezamento dos dois putos. Ó burrice!
Quanta estupidez, tanta, mas tanta que só tem uma maior que essa. Ter se casado com Orlandinho (nome de viado com i). Não dá no couro e para piorar é filho único. Podia ter um irmão qualquer, unzinho perdido no mundo, mas não, sempre foi egoísta, além de ter nascido de prego curto, curtíssimo. Ó azar!
O Garcia Marquez pode falar de suas putas tristes que é aplaudido. Já ela se falar... Vira a própria. Ó injustiça!