Saudades da saudade 


  Rosa Pena 
 
Foi ruim ter perdido você. Doeu um horror: Ah! Como doeu. Curti de montão cada momento da perda, lógico que não foi de cara, mas sim num segundo momento, depois que passou a mágoa, o ódio?! a raiva com a mudez do telefone, a jura de esquecer sua cara para sempre, lembrar apenas do seu nariz imenso e do seu ronco que ultrapassa o limite tolerável de barulho que a Organização Mundial da Saúde permite.

Os desejos de vingança (tomara que ganhe muitos chifres com a outra), a necessidade de encontrar uma explicação, a imensa vontade de vê-lo chorando pelas ruas, a certeza de que ainda o veria bêbado de arrependimento com a turma do bar pensando: - Lá vai o babaca. Ba-ba-ca!

É! O apaixonado também curte a separação, olha pro próprio rosto cheio de lágrimas e imagina que não terá mais um momento de paz na vida. Só quer ouvir a Maysa cantando "Meu mundo caiuuuuu".
Depois... Vem uma tremenda saudade do beijo, da voz, do indecente, primeiro mais forte que dor de dente, daquelas que a gente sente quando vai fazer canal, de repente acalma, o nervo não está mais exposto, apenas uma suave melancolia, até que um dia a ficha cai e percebemos que o ontem ficou distante e não pensamos mais no amor que acabou.

A mente desmente o coração. O dente finalmente curou!
Aí começa a pior das saudades. Daquelas que a gente sente do tempo em que se lembrava a toda hora da dor. Vem um imenso vazio. Machucou tanto pra nada?

Acho que agora estou mais doente de tanto sentir saudades das saudades, que alimentava 
essa rotina com nome de amor,
 
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 16/09/2005
Alterado em 18/11/2014
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