Obra primo
Rosa Pena

 
Uma quinta pra lá de quente e comum que nem os escândalos na Petrobras. Resolvo encerrar minhas compras de natal. Tenho saído de havaianas e por serem rasteiras tenho sentido dores no pé. Coloco uma sandália de dedo com salto mínimo e lá vou eu para o metrô.  Corro, pois vejo um chegando. Maldição, aliás, bendição! Na pressa torço o pé e quase me "estabaco" no chão.  Sinto umas mãos poderosas segurando-me pela cintura.

Ah! Maldito arrepio, igual ao que sinto quando, com todo respeito, meu médico apalpa minhas mamas em exame. Acho que sou anormal! Fato é que olho para cima e me deparo com o Robert John Downey sóbrio e sorridente. Meu pé dói pra cacete, pois tenho, com muita honra um joanete bichado (ui! Machuquei no Metrô de Paris).


 Ele me coloca dentro do trem e ainda arruma um lugar para eu sentar. Meu pé começa a inchar e digo para ele que acho melhor saltar e tomar um táxi pra casa. O Robert que se chama Arthur avisa que saltará comigo e me colocará num táxi. Um tesão de homem com tanta delicadeza com essa tia aqui me faz pensar em assalto, sequestro (até que era uma boa), mas a dor é tanta que desço com ele.

Chamamos um táxi e ele gentilmente me ajuda a entrar. Ao me despedir tasco um beijo naquelas bochechas ásperas e digo: — Muito obrigada. Você agiu como um primo de segundo grau.
Ele abre um sorriso e pergunta: — Por que um primo distante e não irmão?
—  Com primo de segundo grau a gente pode ter um caso sem culpa!
Ele dá uma gargalhada e o táxi parte.
                   Grande quinta-feira.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 11/12/2014
Alterado em 11/12/2014
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