Jamais viva pela metade. Ou tudo ou tudo. Não se mendiga vida. Não se tira alvará para existir. Viver não é favor. É direito adquirido com o divino. Existir é tentar correr mais que o tempo, é acariciar os dias ainda que eles, por vezes, mereçam uns tabefes. Tome posse do mundo, mesmo que seja só um quarteirão, ainda que para isso você tenha que rasgar-se por dentro, fechar os olhos para o medo, sintonizar na frequência da loucura, andar no meio fio da insanidade.
Viver é um aprendizado individual, mesmo que por vezes reste para você alisar o gelado das cobras e não a fofura das plumas de um passarinho. Ah! Sim... É duro esfolar a alma nas bestiais imperfeições que nos rodeiam, duríssimo sangrar sorrisos, mais do que “durissíssimo” dançar sobre braseiros. Viver é o percurso que se faz entre a demência e a lucidez. É não ter receio de se perder no meio do caminho é não abandonar vulcões e tsunamis para tomar um chazinho com Ana Maria Braga. Esqueça aquele garotão babaca que debocha de sua falta de vigor físico. É da geração do projeto (projetam pra cacete, mas nunca chegam ao finalmente). Mal sabem eles que você exercitou seu corpo e todos os seus sentidos. Agora se adestrou para fingir que é a velhinha idealizada por eles. Será que ouviram pelo menos uma vez o CD da Cássia Eller produzido pelo Nando Reis? Melhor, será que sabem quem é o Nando?
A vida! Infinita e incompleta. Não termina jamais ou não estaria eu aqui falando da Cássia.
Incompleta... Sempre faltará o que não se fez- o que não se disse. Mas se fosse diferente seria previsível demais. A morte é sempre uma surpresa. Ainda bem. Imagina saber dia e hora da desdita. É instigante esse desconhecimento. Bom demais brincar de imortal (fora da Academia). O tempo foi feito para passar.
Quem não for o da frente há de ser o de trás.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 03/11/2014
Alterado em 03/11/2019