Ternura de fato (sem cobranças depois), nos cansaços, nas pequenas e grandes brigas, nas rasteiras dadas e ganhas... Nada de avisos: Eu não disse? No comum para mim que é monstro pra você; nas grandes burradas, nos abraços dados em quem amo, ainda que você odeie, nas olheiras de meus segredos, na desolação de perdas, minhas ou suas, mas sem arrumar culpados; no favor feito, mas sem ar de vítima; na falta de paciência que não é ingratidão... Você não teve quando eu era criança? Ternura sem discurso, sem plateia, sem drama, nos resfriados, nos silêncios, nas decisões, no trabalho atrasado, na comida onde o sal foi esquecido. Ternura sem letras, sem sons, apenas a certeza de uma presença terna.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 02/09/2014
Alterado em 04/09/2014