O Cara e a Coroa
Rosa Pena
Ela mudou. Antes procurava um cara visceral para se enraizar.
Digamos que agora, apenas o queria no mundo atual fazendo parte do seu "tipo” (estereotipado e daí?). Ele estava tão bem imaginado dentro dela que só faltava o número das havaianas. Ele, ele, ele...
Jamais a convidaria para tomar uma cerveja, mas um chá, um café. Usaria uma roupa completamente despretensiosa cabelos desalinhados e a olharia com um ar blasé. Puro charme ambulante.
Sempre um cavalheiro. Jamais tentaria forçar uma barra no primeiro encontro. Macho o suficiente para nunca ofender as mulheres. Ele as ama. Todas, todinhas: ex, atual, futura.
Não iria se preocupar se ela engordasse porque sempre estaria muito mais preocupado com outras coisas (quantos morreram na Síria? Terremoto em Angola?...) do que com meros padrões estéticos.
Perguntaria se fuma. Ele já fumou e sente falta. O cigarro se ressente mais ainda da boca dele. Odeia praia, mas ama o mar. Tudo nele tem bom gosto. Nada exagerado, simples- sofisticado. Nunca tentaria aparecer. Ele sabe que a sociedade está doente demais para ficar pensando em como ser mais “cheguei” que algum androide com seu Black Berry no teatro. Vão ver o quê?
Dramático, um pouco cítrico, uma carinha de tédio inespecífica, não com você, aborrecimento porque a existência não é La dolce vita . É enfadonha.
É óbvio que ama o outono (em Paris então!). Ou fala muito ou fica totalmente silencioso. Uma delícia tentar adivinhar o humor do dia e o cheiro do cangote. Certamente que o segundo item é bem mais apetitoso.
Ah! Claro, ele leva as coisas a sério, se saiu com você isso a torna uma pessoa especial. Ele já saiu com muitas, mas todas são peculiares em seu jeito. Nenhuma foi apenas uma transada. Sempre houve um envolvimento emocional (lembra-se do "ama todas"?). Adora cinema, mais que isso, venera. Fellini um deus, mas consegue ser benevolente até com o Rock Hudson. Fissurado em jazz, blues, Bloody Mary, tarô. A cigana leu o seu destino (ele não estava dentro, conforme-se com seu vizinho que fez redução de estomago).
O tempo, esse bicho antigo de garras e asas, que ora nos imobiliza, ora nos escapa. O tempo das certezas que se desmentem, das alegrias que se esvaem, das tristezas que enguiçam, das saudades que derrapam. O tempo, esse velho decrépito que nos põe reféns dos dias, que nos tatua os anos no rosto! Ai ai! Suspira dona! Saudades da época em que você era uma garota nouvelle vague e sua vida "Leila Diniz" em preto e branco.
É mulher...Acorda. Nunca dará um beijo nele e agora o Rei RC afirma que “esse cara sou eu”. Mas não é mesmo!!! O cara é ele... Salve Jorge! E você o que é? A coroa ou o dragão do santo?
Rosa Pena
Ela mudou. Antes procurava um cara visceral para se enraizar.
Digamos que agora, apenas o queria no mundo atual fazendo parte do seu "tipo” (estereotipado e daí?). Ele estava tão bem imaginado dentro dela que só faltava o número das havaianas. Ele, ele, ele...
Jamais a convidaria para tomar uma cerveja, mas um chá, um café. Usaria uma roupa completamente despretensiosa cabelos desalinhados e a olharia com um ar blasé. Puro charme ambulante.
Sempre um cavalheiro. Jamais tentaria forçar uma barra no primeiro encontro. Macho o suficiente para nunca ofender as mulheres. Ele as ama. Todas, todinhas: ex, atual, futura.
Não iria se preocupar se ela engordasse porque sempre estaria muito mais preocupado com outras coisas (quantos morreram na Síria? Terremoto em Angola?...) do que com meros padrões estéticos.
Perguntaria se fuma. Ele já fumou e sente falta. O cigarro se ressente mais ainda da boca dele. Odeia praia, mas ama o mar. Tudo nele tem bom gosto. Nada exagerado, simples- sofisticado. Nunca tentaria aparecer. Ele sabe que a sociedade está doente demais para ficar pensando em como ser mais “cheguei” que algum androide com seu Black Berry no teatro. Vão ver o quê?
Dramático, um pouco cítrico, uma carinha de tédio inespecífica, não com você, aborrecimento porque a existência não é La dolce vita . É enfadonha.
É óbvio que ama o outono (em Paris então!). Ou fala muito ou fica totalmente silencioso. Uma delícia tentar adivinhar o humor do dia e o cheiro do cangote. Certamente que o segundo item é bem mais apetitoso.
Ah! Claro, ele leva as coisas a sério, se saiu com você isso a torna uma pessoa especial. Ele já saiu com muitas, mas todas são peculiares em seu jeito. Nenhuma foi apenas uma transada. Sempre houve um envolvimento emocional (lembra-se do "ama todas"?). Adora cinema, mais que isso, venera. Fellini um deus, mas consegue ser benevolente até com o Rock Hudson. Fissurado em jazz, blues, Bloody Mary, tarô. A cigana leu o seu destino (ele não estava dentro, conforme-se com seu vizinho que fez redução de estomago).
O tempo, esse bicho antigo de garras e asas, que ora nos imobiliza, ora nos escapa. O tempo das certezas que se desmentem, das alegrias que se esvaem, das tristezas que enguiçam, das saudades que derrapam. O tempo, esse velho decrépito que nos põe reféns dos dias, que nos tatua os anos no rosto! Ai ai! Suspira dona! Saudades da época em que você era uma garota nouvelle vague e sua vida "Leila Diniz" em preto e branco.
É mulher...Acorda. Nunca dará um beijo nele e agora o Rei RC afirma que “esse cara sou eu”. Mas não é mesmo!!! O cara é ele... Salve Jorge! E você o que é? A coroa ou o dragão do santo?
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 18/04/2013
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