"A luz....há de chegar aos corações...
Do mal....será queimada a semente"
Nelson Cavaquinho
Não, não estou pedindo para as mulheres serem feministas, mas machistas? Sim! Existem milhares de fêmeas que gostam do tipo dona Marina da Glória, aquela personagem do saudoso Chico Anísio que falava como uma melindrosa trepidante: — Chamou, chamou! Dependentes e sempre prontas a atender aos caprichos de seus machos. Um charme submisso.
Quando julgamos outra mulher pela coleção de companheiros que tem ou teve, pelas roupas que usa, pelos palavrões que fala, por suas companhias, estamos sendo iguais aos terríveis machões que podem tudo e um pouco mais, pois acham que a outra costela foi retirada só para servi-los: lavar, passar, cozinhar... "Améliar". “De noite me beija boca”, ainda que essas “senhôras” saibam que aquele bocal passou por outras lâmpadas inúmeras vezes. E nada de reclamação! Tomam uns gritos, perdem a florzinha no dia da mulher (quando não levam uns tabefes).
Sem militância, não vivo em luta com o sexo oposto, mas fico revoltada quando percebo certo desprezo com a peleja por direitos iguais, mais ainda quando muitas consideram ultrapassada essa batalha.
Alguém já reparou o descontentamento de milhares de mulheres por termos uma delas no poder de nosso país? Quantas não denegriram a imagem da Dilma chamando-a inclusive de sapatão? Quem mais discrimina a mulher é a mulher.
Todas as vezes que vejo uma mãe cultivar na filha a naturalidade de lavar a louça enquanto o irmão sai com os amigos, lembrar que garotas devem casar e gerar muitos filhos (cadê o direito de não querer se casar e não ter filho) deslumbro um macho travestido de progenitora.
Boa parte das machistas não se vê como tal, mas refletem uma série de lugares-comuns baseados em conceitos preconceituosos. Adoram sacanear uma gorda, rir do erro de sua chefe, do cabelo da cunhada, da barriga da melhor amiga... Brindar ao fracasso de seu próprio sexo ( o tema está ultrapassado??? Jura?). Que pena não terem percebido que se há uma qualidade de vida melhor para nós, uma liberdade adquirida, escolhas que hoje podemos fazer, devemos a inquietação das feministas.
Eu, como escritora, que em meus livros falo o que penso, tive inúmeros “elogios” masculinos: — Parabéns pela coragem! Fui audaciosa, para eles ao falar de homens, sexo, orgasmos, palavrões e etc. Mas de mulheres tive críticas. — Precisava escrever porra, falar de gay, abrir o verbo? Em ambos os casos o diagnóstico é machismo, porém bem mais grave nas “Evas”. Travadas!
O questionamento do nosso livre-arbítrio... “o deixa pra lá” aos nossos anseios, o medo do que podem pensar de nós, são as piores formas de machismo feminino, pois amargam nossa felicidade. O olhar conformado de senhoras que passaram a vida só servindo aos maridos dói. Acho que é por isso que vejo tanta viúva-alegre.
Admito que tive alguns conceitos que hoje condeno. Ter virado escritora serviu para que eu repensasse minhas opiniões, procurasse ter mais informação, abdicasse de meu conforto mental e tomasse consciência do novo, sem tantas pedras no caminho.
E por falar nelas, você joga pedra na Geni? Não faz isso não. Ela é gente boa.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 29/01/2013
Alterado em 17/02/2013