Dentro e fora

Rosa Pena

 

 Seis amigos desde crianças. Três casais a partir da adolescência. Casaram-se na década de 80, depois de namoros de no mínimo seis anos. Foram padrinhos uns dos outros.

Arlene e Vitor, sérios, cara de casal perfeito, cheiro de eterno, sem brigas, sem dramas, pintados de ética. Gerenciavam encontro de casais. Todas as fichas apostadas nas bodas de ouro do casal.

Lourdinha e Rafael aparência de família italiana, missa todo domingo e a quase certeza que teriam pelo menos quatro filhos. De uma obediência cega ao Rafa, ela nem pintava as unhas de vermelho, pois ele não gostava.

Sílvia (Sereia) e Carlos (Mamão) destoavam... Se durasse um ano seria muito. Sereia era doidinha, mas perto do papaia era de uma lucidez exemplar. Ele ganhou este apelido, quando confessou que transou com um mamão. Help!

 Já Sílvia levou o apelido porque adorava cantar nos ouvidos dos homens, um canto que assanharia até o Elton John ?!. Rainha do karaokê, só parava a cantoria quando jogavam War ou faziam mímicas. Mamão não ficava quieto nem em jogo, nem em emprego algum. Antes de casar avisou que não queria filhos e ameaçava sumir no mundo se enchessem muito o seu saco. Terminaram e voltaram mais de mil vezes entre sempre e nunca.


Arlene (séria) está no terceiro casamento, faz psicanálise há dez anos. Quando se separou de Vítor armou um memorável barraco por conta de um CD do Lou Reed e de uma tampa de privada de acrílico com borboletas. Sumiram um do outro e dos amigos.

Lourdinha (com toda cara de pizza) não teve filhos, separou-se do Rafa e casou com Kátia, sua cunhada. Rafael largou tudo e foi surtar em Buenos Aires. Dizem que anda na Florida gritando câmbio, câmbio, câmbio! Já ela, livre, leve e solta, vive nos shows da Zélia Duncan, Martinália e principalmente  Ana Carolina! “Tudo aqui quer me revelar... Minha letra, minha roupa, meu paladar”

Mamão amadureceu no canto da sereia e já fez bodas de prata. Vai virar avô mês que vem. Quem canta seus males espanta.

Sereia ainda solta sua voz pra todo mundo ouvir:
Diz que me odeia, diz adeus, diz que some de vez. Bate a porta e diz que não me quer mais. Não consegue? Nem eu. Você deságua em mim... E eu oceano. 

 


Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 03/12/2012
Alterado em 03/12/2012
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