Quando nossa segunda pele é poesia.
Rosa Pena
A gente se veste dela para apaziguar o apetite de comer a lua; para dizer um tchau sorridente ao sol que se finda mais cedo; para brindar o cheiro que exala dos cabelos de algum apego; para gritar as frases não ditas, impróprias para uma platéia descrente de ternura; para jogar água sanitária no luto do passado; pintar de verde a desistência e o cansaço; sorrir do vermelho, no rosto, depois daquele beijo; para achar aquele suspiro esquecido embaixo da cama; para desamarrar o cadarço do sapato da razão; para sentir a umidade da terra que fecunda a ilusão de que nada foi em vão; pra tecer com o canto dos colibris um novo nó na gravata do juízo que adora sufocar o grito: -Te amo!
Ah! Na poesia? Qualquer dia tem confissão e comunhão. Amantes se vestem da nudez e estendem as línguas para receber a hóstia da paixão.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 30/10/2011
Alterado em 03/11/2011