Nem frutas, nem flores, nem visitas apenas um poema, só um: Na anestesia da anestesia das dores previstas deste pós-operatório da paixão.
Para a lua fui sem nave, par (a) Marte fui sem sonda, caguei para os anéis de Saturno: Se brinco de espaço, sou pura comédia, Se brinco de quarto, sou puro drama.
Rasgaram-me para que eu acreditasse no desvirginamento, fecharam-me para que eu entendesse a purificação: Há filhos à solta, velhos amores em órbita e só um satélite em torno do meu corpo.
Indispensável é não deixar de revelar a todos que logo mais, em casa, verão (graças ao vidrinho transparente) as pedras de meu rim.
Mas, agora, não quero nem frutas, nem flores, nem visitas. Desejo apenas um poema, um só poema, sem o dilema do dilema de acordar nua ou vestida deste pós-operatório da razão. Meu coração? Este não verão. Inverno.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 27/04/2011
Alterado em 21/11/2013