“Sou um rock n' roll suicide”
Rosa Pena
Estamos apenas de passagem. Somos visitas nessa esfera.
Umas capazes de se adequar, outras nem tanto. Umas com anseios de aproveitar ao máximo o passeio, outras jamais se adaptam. Vivem ou sobrevivem, sufocadas pela luta de se ajustar ao modus vivendi. É grande o temor da solidão.
Ah! Como se alguém não morresse solitário. Nascimento e morte são atos solitários, por mais que se tenha mãe, pai, filhos, espíritos, santos... Amém quem dá é um estranho que se autoriza com um Vaticano que também se autorizou sabe-se lá com quem, a batizar e oferecer extrema-unção para a gente se dar bem no além.
Sempre pensaremos:— Deveria ter feito mais, ter tido uma vida mais efervescente, uma risada mais sem vergonha, um grito mais alto, uma despedida não tão fria. Os Titãs disseram o óbvio em Epitáfio. Todo mundo percebe que fez de menos quando está com o pé na cova. Qual é a diferença de ter sido uma devassa ou uma carola, um corno ou um machão quando estamos a sete palmos do chão?
(Tempo:Quero ser cremada. Tenho claustrofobia de caixão além de achar enterro cafona demais. Se tiver carpideiras de plantão, puta que pariu que eu morra em Roma com as legítimas).
Mas, ainda tenho coisas bonitas para sentir. Tenho um neto a caminho, vem oxigênio puríssimo para abastecer a minha vida cheiinha de gás carbônico.
Seu Jorge tem toda razão:“Você está velho para se perder e muito novo para morrer".
—Vá humano. Sorria! Os tristes são os chatos de plantão. Tira a cara do chão e crie uma alegria imensa. Vá jantar no Porcão Rio's! Assista um monte de turistas que foderam (eu e você também) com o planeta, dançando com as mulatas globelezas.
Depois, na virada, mais uma pirocada de fogos em Copacabana e feliz rabanada com muita paz.
Um 2011 sem tragédias nem no Haiti, nem aqui. Aliás, alguém ainda se lembra dela?
Viva a falta de memória que salva o calendário festivo!