ó Brasil, ó!
 
                                  
 Rosa Pena




Em tempos de eleições aparecem na mídia, principalmente na Internet, tantos especialistas e comentaristas de política que me pergunto por onde eles se esconderam esse tempo todo e por que não aproveitaram essa sabedoria em função da nação. Que pena!

Aqui, tornou-se bem pior que assistir ao programa eleitoral. Tenho visto todos os tipos de eleitor, cada um apelando para sua estratégia mais até que os próprios candidatos. Uns usam o "passado recente" esquecendo totalmente o "passado antigo", onde tudo começou, outros chegam até ao absurdo de usar cenas terríveis de estupro tentando convencer que um estuprador de esquerda machuca mais a mulher do que um da direita, essa só rindo, que roupa vermelha só quem usa é Satanás e seus comparsas (vou jogar fora minha calcinha rubra), que a única salvação para o Brasil é voltar ao militarismo, acabar com a liberdade de expressão, com o direito de ir e vir, pois quem realmente preza a democracia não brincaria, dessa forma grotesca, com ela.
 
É triste ver o desespero desses imbecis. É como cachorro procurando poste no deserto para fazer xixi.

Nestes dias encontrei um conhecido que disse ter perdido seus votos na última eleição. Fingi-me de idiota e perguntei o que significava aquilo. Explicou condescendente, para a retardada aqui, que todos em quem votara não foram eleitos, logo perdeu seus votos. Questionei sobre um candidato que ele não suportava, mas que havia feito um projeto que o anistiava, logo o beneficiou. Gritou: - Mas não foi em quem votei! Ora bolas! Ele, o eleitor, ganhou seu emprego de volta, mas perdeu seu voto. Essa eu não entendi.
 
Acredito que a eleição virou um grande centro de apostas, onde o importante é não perder em quem se apostou. Não importa o que foi feito pelo candidato que você desacreditou, logo não votou. Até porque o bem feito do opositor não é olhado. Só os erros e os atuais.

Ô loco, nada começou em 1500. O Brasil sempre foi tão bem governado, Pinocchio?

Para essa grande maioria que não acompanha nadica de política, que jamais viu um filme como Jango (o filme refaz a trajetória política de João Goulart, o 24° presidente brasileiro, que foi deposto no golpe Militar) ou leu Agosto de Rubem Fonseca (onde a violência percorre as ruas brasileiras, numa espécie de guerra civil não declarada entre ricos e pobres) é patético e de profundo mau gosto essa briga partidária alienada.
 
Eleição vira apenas um jogo de azar.
Talvez o pior de todos os jogos, porque é obrigatório e é o único onde não é preciso ter “caixa’ imediata para apostar. Um X errado na cédula e haverá uma cobrança posterior e pode acreditar que será cobrado mesmo, não há jeito de se dar calote, aliás, só tem um jeito de se livrar. Ser amigo ou dono da banca de apostas.
 
E o Brasil ó!

Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 19/09/2010
Alterado em 10/04/2011
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