Fala mais de você! Me conta tudo! Da rua que lhe ensinou a cair jogando bola, da cidade que acendeu a luz para lhe ver virando homem, da menina que desvirginou sua boca, da bicicleta que namorou na vitrine, do carro que não teve, do filme que chorou escondido, das figurinhas que colecionou, do tempo recorde no banho com a revistinha do Zéfiro, da merenda preferida, dos cofrinhos que quebrou para tomar suas cervejas inaugurais, da primeira foto na carteira, da casa iluminada com cheiro de mãe, das aulas que matou, da música que cantou escondido, pois a turma achava um horror, da gravata que lhe iniciou no laço, do bat local na bat hora que amassou a vizinha casada, do soco que tomou e o tapa que deu. Agora me fala devagarinho da esquina onde encontrou seu verdadeiro amor. Por fim, conta pra mim, juro que vira segredo, como seguiu sem ele com essa cara de feliz.
É como esquecer do verão na primavera?
Tem como se substituir o suave cheiro das flores pelo forte sol da praia? Canteiros não nascem na areia. Que pena!
E, agora, por fim nos "finalmentes" do fim, conta para essa tonta: Como se volta a sorrir sem precisar colocar aquele batom borrado de palhaço, até porque o mundo resolveu que macho pode peidar na rua, mas não pode derramar lágrimas naturalmente. Difícil ter olhos de caatinga com um coração temporal.
Foto: Barone, Rosa Pena e amigas queridas.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 08/08/2006
Alterado em 01/07/2008