Em meu travesseiro sempre existiu um túnel que unia o que eu vivo e o que eu desejaria viver. Tinham noites que eu o atravessava totalmente despida e engravidava de ilusões. No dia seguinte imaginava quantas luas precisaria para que nascesse meu novo sonho e eu o amamentasse bastante, para que, depois de crescido, ele gerasse outros. Muitas vezes ele sumiu, sempre que percebeu que o lado desejado era maior do que o vivido. Não queria que eu me emprenhasse de ilusões, receava que eu não visse mais luas, que dirá conta-las.
Temia que meu leite secasse e que se tornasse impossível amamentar novas quimeras.
Ele sempre se achou sábio, até conhecer você, que derruba túneis num piscar de olhos.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 21/01/2005
Alterado em 25/08/2014