A Dona da História
ROSA PENA
Qual de nós não gostaria de rever nossa própria história e de repente até conseguir modificá-la?
Na segunda metade da vida, toda e qualquer mulher enfrenta o susto das rugas. Apenas corpos em mutação? Tenho certeza que não.
Rugas do rosto um botox até resolve. As da alma são mais complicadas. São compostas das tentativas de expansão no mercado de trabalho, tão fechadas ao sexo masculino, são da sexualidade reprimida, quem desse vazão era mulher da vida, são das preocupações de criar filhos sem se guiar nos modelos anteriores, afinal, sonha-se sempre com um mundo melhor para as novas gerações, são as dos silêncios magoados em que se engoliu sapos para manter uma relação estável, são as da falta de coragem de não termos feito o que realmente sonhamos.
Ah! E se tivéssemos a oportunidade de bater um papinho aos cinqüenta, conosco mesmo aos dezoito? Mudaríamos o curso de nossa vida? Afinal quando se é jovem não se presta atenção aos mais velhos. Sempre achamos que o velho é coadjuvante da cena da juventude e que essa é eterna. No frescor da vida, conselhos são faróis traseiros.
A gente quer é acelerar, pra frente é que se anda, marcha ré é coisa de coroa!
Finalmente, será que teríamos sido mais felizes se tivéssemos a chance de refazer nossa biografia ou o enredo dela seria exatamente este que vivemos por vezes até com arrependimentos imaginados?
Carolina é a Dona da História. Podia ser eu ou você, visto que essa história é de uma mulher em crise na meia idade. E os conflitos sempre serão semelhantes, esteja onde estiver, basta apenas, ser mulher pós-quarenta.
Vale ver e rever a sua história. A nossa!
*O filme, baseado na peça homônima de João Falcão, mostra Carolina (Marieta Severo), aos 55 anos de idade, no momento em que se questiona sobre o percurso de sua vida.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 20/11/2004
Alterado em 29/08/2012