L’azur!l’Azur!l’Azur! Rosa Pena para Rodrigo de Souza Leão
Dia dois de julho choveu céu, talvez para provar que ele nunca esteve morto. “L’azur! l’Azur! l’Azur! l’Azur!”. Era intocável agora não mais. O inferno de Rimbaud é aqui Rod, sempre foi. Caiu até um pedaço vermelho do arco-íris nos meus olhos, daí cismaram de ficar dessa cor. Essa chuva celestial não tingiu o mundo, o coitado continua cinza e feio, mas pintou os cachorros. Todos azuis! Ah, a batata de agora em diante será sempre frita (é o que se salva da vida). Sei que você e Baudelaire estão curtindo a liberdade definitiva, as pílulas não engolidas, o Jabuti que é você é bem capaz de levar:- seu livro começou a vender adoidado, pois lhe imaginam rei posto. Deixem imaginar. Você é você, o poeta que engoliu o chip da poesia e dizia dentro da mais profunda esquizofrenia que a vida valia ser vivida pela quantidade de encantos, fato que nos aproximou tanto. Hoje, nós (os normais!) giramos numa desgovernada órbita em volta de um astro raro que abriga a delicadeza de ser, o lugar talhado para você. Certamente você já encontrou seu cachorro de pelúcia! Um beijo nele. Dois em você.
Foto Rosa Pena e Rodrigo de Souza Leão
(Rodrigo de Souza Leão*1965+2009).
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"A mim foi negado tudo
Até o absurdo"
Rodrigo de Souza Leão
22 de junho de 2009
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 07/07/2009
Alterado em 21/04/2014