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A saga de uma idiota contente
Rosa Pena
Por causa de uma série de alterações no sistema, que modificaram drasticamente o mundo virtual, fazendo com que o e-mail se resfriasse cada vez mais e passasse por uma nova era glacial, milhões de usuários dessa comunicação partiram rumo a novos relacionamentos, talvez reais, em busca de climas mais amenos. Quem sabe se a vizinha do terceiro andar, apesar da cara de imbecil e de ser fã da Sandy, não aprecia a poesia do Bandeira num bom dia?
Porém, uma paleógrafa demente decidiu fazer o trajeto contrário e persiste em permanecer in front of micro, gladiando-se com o leão Velox para acessar a Net e dar good morning, good night, levando hieróglifos de Cacaso, Drummond, Sabino na esperança de encontrar antigas tribos que apreciavam realmente decifrar enigmas para construir novos. A idiota contente encontra-se atualmente presa a uma tela, com o outlook aberto que agora vegeta debaixo de toneladas de spam, correntes para salvar o papagaio do pirata holandês que pegou dengue e reclamações de alguma sogra do primo da tia do cara que manda 45 mensagens com 108 megas cada, all the day.
— Pô! A gente também tem direito de escrever e mandar o que quiser, responde o Junior (sem acento) da Sandy.
— Tem razão, responde a idiota contente. Eu tenho até que aceitar molusco como presidente.
Descartes
Cacaso
(Antônio Carlos Ferreira de Brito)
Não há
no mundo nada
mais bem
distribuído do que a
razão: até quem não tem
tem um pouquinho