Ele me desnuda! Fico sem vergonha, sem reserva, sem pretensão de ser algo mais que não seja ser a fêmea dele. Ele me desnuda! Nele sou simples, quinta-essência, plenitude sem camuflagem, sem pudor e sem parábola, sem pressa e sem tempo, sem ontem e sem amanhã.
Ele me desnuda! Viro lama e dama; verdade e mentira; defeito e qualidade; direita e torta; feia e bonita; aplauso e vaia; comédia e drama. Viva a antítese! Ele me desnuda de mim e me cobre inteira dele. Ele se desnuda! Fica sem vergonha, sem reserva, sem pretensão de ser algo mais que não seja ser meu macho... Não somos mais uvas soltas. Somos um cacho. Quem se desnudou primeiro? Fui eu ou foi ele?
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 07/05/2006
Alterado em 14/10/2013