Hoje amanheci com sono e vi o dia sem planos e sem colorido. Não tinha o sol atrevido, nem você pra dizer “eu te amo” no meu ouvido. Atravessei apressada e quase esbarrei no jardineiro que catava contente as folhas que se despediam do verão. As águas de março esqueceram que é um novo mês? Percebi o sorriso encantado do homem para as flores teimosas que desobedecem ao outono e permanecem viçosas pro beijo dos beijoqueiros. Bem longe um pássaro jobiniava wave com o consentimento do Tom ou era ele próprio passarinhando? Boba que sou, tantas vezes, e me parto inutilmente ao meio sem perceber que você veio, está aqui, aliás, nunca saiu. Presente no sorriso do catador, no beijo do colibri, nas flores desobedientes, no canto encantado do pássaro Tom que fecha março sem pedras no caminho, só água boa dos olhos meus. Saudei finalmente abril.
02/4/2005