Quem é você?
Rosa Pena
Se essa turma tivesse nascido na era do virtualismo, qual seria a voz corrente da galera que adora fofocar?
A Luíza do Jobim seria a amada amante do Roberto Carlos, a Madalena do Ivan Lins sem pranto e resolvidíssima a desaguar no oceano do Djavan, mas este totalmente fissurado na Carol do Chico Buarque, que fez terapia comportamental e saiu de vez da janela de casa pra janela do Windows. A Amélia do Ataulfo Alves, de dia com uma Brastemp, de noite com o Giannechini, a Rosa do Pixinguinha exalando o perfume do Boticário, Marina do Dorival campeã de vendas de maquiagem da Natura. Ah! A garota de Ipanema direto no MSN com o Kondor e o Vininha de porre cantando com o Milton Nascimento que nada será como antes, amanhã. Bete Balanço é a assassina do marido que ganhou na sena! Bem que o Cazuza disse que o futuro dela era duvidoso!
O amor mudou com o Bill Gates? Não! De preferência a cabeça nas estrelas, mas os pés no chão.
As musas reais diferem das virtuais, pois a Internet propiciou o clima regido pela palavra e não a paquera que acontece numa troca de olhares da garota que vem e que passa. Agora é a poesia que entra e que sai. Amor sem olhos, sem cheiro e sem tato a gente idealiza como quiser. Cada poema que se faz sempre alguém absorve para si, pois são lindas declarações sem direção explícita, num mundo tão dirigido como o de hoje. Não é ruim, afinal a vida anda tão vazia que o que nos sobrou foi a fantasia. O livre pensar ainda é permitido. Só não vale transcender em excesso no que se lê. Senão corre o risco de acontecer o que disse lá no início. Amélia tinha vaidade, Luíza infidelidade...E a quimera vai por água abaixo. Deixa tudo como está sem muito esmiuçar. Nada de desnudar a vida da poeta. Basta vê-la poesia como os grandes mestres fizeram.
— Quem é você?
—Não diga, que eu não quero saber! (Chico Buarque cantou essa bola!)
"Seja você quem for, seja o que Deus quiser".
(Noite dos Mascarados).