Chá de afeto
Rosa Pena
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“Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.”
Vinicius de Moraes
Com tanta tecnologia nesse nosso mundo pra lá de contemporâneo cada vez mais diminuímos distâncias. Virou moleza assistir em tempo real nossos atletas recebendo medalhas do outro lado do mundo, chorar das piadas idiotas na entrega do Oscar, ver famintos de uma África esquecida, sofrer por mais uma bomba explodida em alguma guerra sem nexo, gritar para o Felipe Massa ser campeão.
Visão e audição, dois órgãos dos sentidos dominados pela máquina racional, mas faltam três ou não faltam? Escritores são mestres em imaginação e os roteiros de vida bem conduzidos levam nossas mentes longe. Graças a Deus para nós não falta nenhum!
Assim sendo, sinto mãos macias acariciando meu rosto, um abraço forte de fato. Mas é no odor e no paladar que encontro à quimera que mais me fascina. Sinto cheiros em cada recado que recebo e saboreio letras. Alguns vêm com Alecrim, planta que vive sob o domínio do sol que ama o calor e a vida, outros com alfazema que alivia as dores do coração, tem os de hortelã, erva da amizade e do amor, muitos de jasmim que é eufórico e afugenta a depressão, alguns de maracujá, fruto da paixão.
Nesse meu momento de recolhimento com os aromas e as infusões dos meus amigos ("Um bicho igual a mim, simples e humano"), minha alma fica cheirosa, meu espírito fica doce. Entre menta, cravo e canela começo a sentir a vida mais bela, apesar da chuva insistente ainda bater na janela da minha mente. Mas quem garante que amanhã não virá o sol?
Ps: Obrigada a todos os meus queridos amigos que aqui deixaram mensagens e que me mandaram e-mails.
Assim que puder retribuir esse carinho o farei, apesar de saber que Deus já está fazendo por mim.