Nem bumba... nem boi
(globalização?)

Rosa Pena


Venha Justino, a Estudantina nos espera. Vamos pôr fogo na galera.
Encolho a minha barriga, você coloca um chapéu, fica igualzinho ao Gardel.
Esquece a portaria e eu esqueço a patroa.
Uso o vermelho dela, que nela já era.
Levamos na minha bolsa o uísque do patrão, é do bão!
Lá, só gastamos no guaraná e nas batatinhas!
Essas eu pago com a hora extra que ganhei.
Se ela não paga!? Vou pra justiça do trabalho, essa é a que não falha.
Que carne de sol o quê?! Fala sério play.
Use a “gurja” das lavagens dos carros dos bacanas pra gente pagar o tal do couvert artístico. Eta nome danado de bonito esse.
Nem sei por que, se o show sou eu e você.
Vou pôr gumex, fingindo que é gel.
Bote o terno do falecido seu patrão, morto não discute.
Espero você às vinte e duas na esquina.
Nem bumba, nem boi, essa época já se foi.
Adios, Paraíba!
Sem rango, fico no Rio e me esbaldo no tango.
Vou desligar, a fila do orelhão aumentou.
No próximo salário compra um celular, coisa que qualquer otário daqui tem.
Bye bye, baby!



2004/livro PreTextos
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 10/04/2005
Alterado em 22/10/2008
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