Quando nossa segunda pele é poesia
A gente se veste dela para apaziguar o apetite de comer a lua, para dizer um tchau sorridente ao sol que se finda mais cedo, para brindar o cheiro que exala dos cabelos de algum apego, para gritar as frases não ditas, impróprias para uma platéia de crachá que avisa que a vida é feita de tristezas antigas, de desistência e cansaço, para pintar o rosto com as cores de algum sorriso esquecido embaixo da cama, coberta com o lençol do pé no chão, para desamarrar o cadarço do sapato da razão e sentir a umidade da terra que fecunda a ilusão de que nada foi em vão, para tecer com o canto dos colibris a gravata que sufoca a voz que tenta gritar:
— Não se perca do amor, pois na poesia todo e qualquer dia a gente pode reinventar essa sublime emoção.
Rosa Pena para Luiz Poeta