02/05/2007 22h26
Sem vergonha

Sem vergonha de ser feliz

rosa pena

 

A paz finalmente invadiu o meu coração.Vejo o quanto Deus tem me dado. E como por vezes esqueci de dizer obrigada. Olho o sol e sorrio. Será que de longe eu vejo melhor?

Relembro o ontem tão perto e agora distante. O lançamento de meu livro novo, tantos amigos, minha família tão linda ao meu lado e eu me prendendo em duas ou três pessoas que não conseguem ver esse sol que se expõe só para quem tem olhos pra vê-lo.

Penso em meus ídolos, penso sem pretensão alguma que talvez eu já tenha virado uma referência para alguns. Se assim for , lógico que vem cobrança. Eu tenho que aprender a conviver com ela, ainda que por vezes ela machuque, mas merthiolate é incolor e nem arde mais. Passo um pouco nas antigas feridas e sigo agradecida a Deus e bem atrevida nas letras, na vida.Quanta coisa vou ter pra contar quando voltar pro meu lar.


Minha filha antes deu viajar disse-me: Mãe você é o maior barato.Só isso já vale um fã clube.

Vou de Mãos Dadas com Drummond e com quem mais quiser me dar a mão.
A vida é bonita , é bonita, é bonita . Você sempre teve razão Gonzaguinha.
Muito sem vergonha de ser feliz é bom demais.

Lisboa 2 de maio 2007



Mãos Dadas
Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco;
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.


Publicado por Rosa Pena em 02/05/2007 às 22h26





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