19/04/2007 19h53
DESODARA
Rosa Pena
Lá onde moro agora
(antes)
morou gente
de vida diferente.
Pelados dançavam
pintavam a cara.
O arroio de água pura
brotava da terra.
Andavam a pé
Sem CPF o pajé.
Das plantas vinha a cura.
O mundo era Odara!
Lá onde moro agora
o cidadão se esconde atrás
das parede de cimentos:
—Passa a grana
Mãos ao alto!
O céu avermelhado e cinzento
reflete o asfalto sangrento.
O sol não nasce
nem se põem.
Por vezes aparece
para avisar
— Use o filtro solar.
Boa cuca é coisa rara!
Lá onde moro agora
a morte é progresso
a pesca é selvagem.
Não sei quem inventou
que liberdade é bobagem.
Ah! A felicidade virou...
Qualquer coisa que se sonhara!
Publicado por Rosa Pena em 19/04/2007 às 19h53