18/04/2007 08h49
fred@.com. afeto
Rosa Pena

O porteiro interfonou, avisando que havia um embrulho para Rosa na portaria.
Curiosa como sou, peguei o elevador correndo. Uma caixa grande e misteriosa.
Agradeci e comecei a abrir ali mesmo. Vinha do Paraná.
Surgiu na minha frente uma linda carroça artesanal de fabricação caseira. Feita com ripas de madeiras, bem lixada, torneada, envernizada uma a uma. Ao olhar melhor reparei que ela tinha uma tampa secreta no centro que abria e desvendava um segredo. Um porta-jóias escondido. Lindo, perfeito. Abri e lá dentro um bilhete escrito UI!
Ah! A simplicidade de um artesão que se encontra em minhas letras.

Lembrei-me de Fernando Sabino em seu diagnóstico.”Seu escrito vale quando toca o coração de quem trabalha com as mãos. As cabeças pensantes em demasia tentam mudar a emoção do autor. Querem colocá-las em sua forma e não compartilhar a vivida pelo criador”.

Quem enviou?
Um fã, um amigo muito querido do virtual, mas posso dizer antigo, pois já convivemos na telinha há mais de quatro anos. Nunca deixou faltar seu bom dia. Fred é raridade, sinônimo de fidelidade.
Ele aconteceu de mansinho. Sem estardalhaço, sem preocupação de aparecer, sem conteúdo dramático, sem conflitos. Sabe daquelas situações corriqueiras de vida, onde um filho tem catapora e a gente se preocupa com ele, mas não dimensiona, não valoriza muito o fato e pensa que deu e passa? Alguns dias de cuidados, depois a vida segue esquecida do momento. Pois é! Fred para mim seria assim. Mais um leitor, algumas trocas de "oi", em seguida o sumiço tão comum no virtual. Mas cataporas por vezes complicam, se não tomarmos os devidos cuidados. Afinal, qualquer fato novo em nossa vida deve ser olhado de forma especial. Ainda bem que não tive cautela e deixei as bolotas se criarem.

Meu amigo, agora eterno, mostrou-me isto. A dar valor, até mesmo priorizar a simplicidade de ser, pois nela certamente temos muito que aprender.
Que dentro de carroças de madeira existe um espaço especial para guardar o amigo verdadeiro,
nunca os falsos brilhantes que brilham apenas por instantes.
Que na viagem da vida, nem sempre a corrida veloz ou a parada súbita, traduzem a emoção. A freqüência da velocidade muitas vezes transforma o nosso viajar bem mais prazeroso.
Principalmente se tivermos como acompanhantes artesões de afeto.

Carteiro! Leva um jardim para ele, pois só uma Rosa não basta.

Publicado por Rosa Pena em 18/04/2007 às 08h49





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