08/02/2007 17h27
Foi mal barata!
Rosa Pena

Quando era jovem, os homens bonitos e atraentes eram chamados de “pão”.
Existia também o sexy, os “cafas” (de cafajeste), mas no sentido de mulherengos, e não no sentido real da palavra.
Tinham os bonzinhos, os simpáticos. Ser chamado de “bonzinho” e de “simpático” era quase trágico para a virilidade masculina. Era o passaporte para: “apenas bons amigos” e nada mais. Na juventude isso é péssimo. É derrota.
Mais para frente em minha vida aprendi a nomear os homens atraentes como gato.
Os bonzinhos, intimamente passei a denominá-los cães. Atualmente adoro os homens que viram meus amigos. Fiéis amigos. Amigo do sexo masculino é algo de maravilhoso. Não competem, torcem conosco.
Os “cafas” viraram “galinhas” da atualidade. Assim denominaram erradamente, penso eu.
Homens-galinhas é um termo que não consigo adotar em meu dicionário. Não sei, mas não simpatizo com o termo galinha nem para o feminino, que dirá para o masculino, para definir o grande comedor. Acho estranho chamar um homem de galinha, até por ser um substantivo feminino, não combina com as tais atitudes atribuídas ao big comedor. As galinhas não são aves belas e sedutoras, não são sequer dotadas do instinto de caça. São animais domésticos, são frágeis quase patéticas comendo seu lixinho, ciscando ingenuamente aqui e ali, colocando ovos, para nós nos deliciarmos. São abatidas sem luta, sem alarde.

Não combina com quem vive na azaração. Touro ficaria melhor?

Continuo pensando em um bicho para este tipo de homem. Até o final desse meu monólogo solitário de uma quinta-feira, chego a uma conclusão.

O gato atualmente, para mim, reúne as qualidades do pão, do cafa, do bonzinho, do simpático, acrescidas de algumas cositas más, para determiná-lo um verdadeiro felino em meu conceito.
Inteligência, educação, romantismo e sensibilidade são imprescindíveis.
Já viram que coisa linda um gato-homem chorar ouvindo uma música?
O aspecto exterior do gato passou a ficar em segundo plano. Lógico que acho o Brad Pitty um gato, mas também achava o Vinicius de Moraes.Vinicius tinha a alma do legítimo gato persa.

Andei comprovando minha teoria na net. Em diversos anos de uso, sem ver na maioria das vezes o aspecto real de quem está do outro lado, afirmo que aqui tem um monte de gatos. Gatos virtuais, gatos de vinicianamente Moraes.
Homens maduros, românticos, educados, inteligentes, sensíveis, simpáticos, líricos.
Existem também os cafas, puramente cafas. Estes, na maioria galantes, insinuantes, sedutores. Acham terreno fértil em mulheres carentes. A estes nomeei agora, no terreno dos bichos, tigres. Ágeis caçadores que adoram um abate. Não confundam um tigre com 171.
171 é bandido, não me digno a citá-lo sequer. Estes golpistas são velhos na história, desde A.C Sempre existiram, sempre existirão. São dignos de cadeia. Jaula talvez, visto que estou falando de animais. Perdoem-me os animais pela comparação.

Bem, aonde quero chegar?

Quero chegar a uma definição que faça lógica para mim, talvez não fazendo lógica para mais ninguém.

Volto aos muitos anos de virtualismo.

Como já disse, conheci um monte de gatos, um monte de cães, tigres no passado, que não me abateram, foram domesticados e hoje são apenas gatinhos domésticos. Não conheci nenhum 171.
Assim, eu me considerava uma usuária da net sortuda. Afinal só havia ganhado amigos e experiências não traumáticas com o sexo oposto.
No final de 2005 e boa parte de 2006 pela primeira vez, deparei-me com um bicho que não conhecia no virtual.

Como definir alguém que se diz homem, totalmente improdutivo em todos os sentidos, totalmente desprovido de princípios, de caráter, que usa o mundo virtual apenas para ferir seu semelhante a troco de nada? Não vou comparar a nenhum bicho. Teria vergonha depois de olhar nos olhos de uma barata.

Não me digam que devo acostumar-me com a falta de caráter. Não me digam, não. Tenho uma filha que vai herdar o mundo que eu deixar.

Ele não teve nenhum, pois sabe bem a herança que deixará. O total descaso com a dignidade de ser um ser, ainda que apenas uma barata.

Publicado por Rosa Pena em 08/02/2007 às 17h27





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