27/10/2006 12h32
devoradora devorada
Rosa Pena
Quando você dorme, sente mãos em seus cabelos? Sente uma boca beijando seus olhos? Ouve uma voz balbuciando seu nome? São minhas. Ficaram aí quando nos partimos em dois! Ainda me imagino flor, por isso moro em árvores, mas virei coruja, cega, estática e quase muda, exceto por alguns esparsos lamentos de desamparo. Pro meu coração você tinha green card , pro seu eu era forasteira ilegal. Velo seu sono como rendição, pois meus exercícios de delícias, para você foram precipícios, minha esperança foi seu desengano, eu a pesada nuvem, você o grandioso temporal. Na sua fome fui o excesso, de seu vômito o resto. Você foi minha benção, eu sua maldição... E não sou eu que teimo em recordações, pois já fui pra outra dimensão.
É só meu corpo vagabundo que acredita em ressurreição e insiste em voltar ainda que de segunda mão.
Publicado por Rosa Pena em 27/10/2006 às 12h32