29/06/2006 20h58
Sem fundamento
Rosa Pena



Nunca mais quero ouvir Wave. Fundamental era lhe amar e se não existe mais a segunda pessoa o verbo perdeu o sentido, mais que eu. Não quero ouvir que você está forte, muito forte com minha fraqueza, que vive muito bem sem mim. Grita, xinga, pede, exige, ordena sua vontade, impõe o seu desejo, me diz o que devo fazer. Não fica à margem, indiferente como se nada mais houvesse entre nós, pois assim viro mais espinho do que rosa. Vou continuar alheia às suas decisões de adeus. Permaneço lhe chamando de querubim, Peter Pan, meu amor, meu bem, por mais que eu tenha perdido a vez. Viro louca, se precisar rasgo dinheiro pra sentir um pouquinho do seu cheiro. E pode se espaldar de deboche dos meus excessos de “entes”. Sim: Incoerente, inconseqüente, indecente, improcedente, doente. Só não quero mais ouvir wave, pois me remete ao quase nua, quase sua, aos seus quase beijos molhando meu quase corpo e entre quases você fez meu sonho inteiro. Não pense que vou lhe dar o conforto de pensar que foi bom para você ter acabado comigo, pois você sabe que sem mim vira navalha sem fio, menstruação sem sangue, mar sem onda, apenas um rio corriqueiro, uma corda que não é bamba. Lembra de La Bamba ou prefere Ave-maria todo santo dia? Ignoro seus pedidos, faço o que tenho vontade, ausente ao rumo que você tomou. Só não ouço mais wave. Não e não! A não ser que você tampe meus ouvidos com suas mãos até que eu grite. Aumenta o som.

Publicado por Rosa Pena em 29/06/2006 às 20h58





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