Não é delicioso ser agradavelmente surpreendido? Lastimável que muitos não se permitem a isso. São tão organizados e perfeitos em tudo que fazem, logo não admitem o inesperado. Trabalham, comem, transam, viajam, mas tudo dentro de um programa. São agendas ambulantes e se acham os todo-poderosos, mas morrem transportando o vazio. Nunca se envolveram numa paixão, sempre desconfiados, monossilábicos, não perdem jamais o controle e odeiam quem submerge ao novo. Conseguem vivos e com saúde, não viver. Jamais fechariam os olhos para sentir um cheiro, pois afinal essa função é do nariz. Casam-se e dividem a casa, não o coração. Veem milhares de filmes, leem ótimos livros, ouvem música adoidado, citam isso com inteligência, mas não com emoção. Eu sinto pena desses sonâmbulos.
Giovani Iemini é antítese disso tudo. Uma grande caixa de surpresas sorridentes. Pra começar pelo nome.
Muita gente atribuiu tanta coisa a esse formidável escritor pela opção de usar apenas seu pseudônimo: Mão Branca.
O “big mão”, meu amigo muito querido, está lançando um livro hoje. E aconselho a quem gosta de viver acordado, quem não se incomoda com um prato quebrado na hora do quebra pau, quem dá uma piscada no elevador, quem cai na gargalhada depois daquela topada na pedra já tão conhecida de tantas porradas, merece a felicidade de ler Mão Branca de Giovani Iemini.
Rosa Pena