16/01/2009 20h52
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Quando emudece um coração
Rosa Pena
Não me largue, por favor, não me largue. Não se afaste de mim, tenho medo desses lugares incertos e de carinhos vagos. Não me trate como uma música que só é importante na estréia, depois fica de lado, por vezes lembrada com uma certa melancolia do tempo em que a fez. Sim, sou composição sua, mas um pouquinho mais que um dó ré mi. Nada substitui seu corpo de mãe perto do meu. Não perca a luz crescente de meus olhos, minha fala inocente, meu sorriso principiante. Não me perca de vez, por favor, não perca a minha infância. Não permita que eu me desprenda tanto do sentimento filial que seu nome seja um silêncio triste em minha boca, que meu coração esqueça que cresci com o leite que me ofereceu quando nasci. Sou tão criança para virar órfão de mãe viva.
Por que arruinou tanto a nossa relação, a ponto de nos encontrarmos apenas numa minissérie onde eu miseravelmente tenho apenas uma pequena participação como ator? Sirvo somente para ilustrar o tamanho do seu egoísmo. Maior do que ele apenas o seu talento como cantora. Era grande, apesar de você ter feito dele um tormento e eu, coitado de mim, virei diretor desse e da sua falta de amor com outro que não fosse seu próprio umbigo. Obra prima ou castigo fiz eu comigo?
Publicado por Rosa Pena em 16/01/2009 às 20h52
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