14/03/2008 09h53
Viva o dia internacional da poesia.

Tortura
Rosa Pena

Fazer o quê, Bilac?
Não ouço estrelas.
Fora da área de cobertura
.



Ora (direis) ouvir estrelas!

Olavo Bilac

 

"Ora (direis) ouvir estrelas!  Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto ... 
  

E conversamos toda a noite, enquanto 
A via láctea, como um pálio aberto, 
 Cintila.  E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
 Inda as procuro pelo céu deserto. 
  

  Direis agora: "Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas?  Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?" 
  

E eu vos direi: "Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e de entender estrelas."


 

Hoje

Taiguara

Hoje
Trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero, a vida num momento
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo...

Hoje
Trago no olhar imagens distorcidas
Cores, viagens, mãos desconhecidas
Trazem a lua, a rua às minhas mãos,

Mas hoje,
As minhas mãos enfraquecidas e vazias
Procuram nuas pelas luas, pelas ruas...
Na solidão das noites frias sem você.

Hoje
Homens sem medo aportam no futuro
Eu tenho medo acordo e te procuro
Meu quarto escuro é inerte como a morte

Hoje
Homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência
Que é o que me resta, vivo em minha sorte

Ah  Sorte!
Eu não queria a juventude assim perdida
Eu não queria andar morrendo pela vida
Eu não queria amar assim como eu te amei.


Viva o dia internacional da poesia.

 

Não permita que ela morra.

Beijos com carinho

rosa

 


Publicado por Rosa Pena em 14/03/2008 às 09h53





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