Alguns rabiscos, mas sem riscos!

Rosa Pena

 

Quantas coisas que nos fazem tanta falta ainda estão presentes e nem nos percebemos disso? Daí choramos de saudades do agora que confusamente chamamos de outrora. Será que já passou realmente a nossa vez?

Ele, ele, ele, mil vezes ele que está aqui comigo, mas não sei porque não digo mais que ele é o grande amor de minha vida. Que é o responsável pela minha risada sem siso, pois insisto que ele não ouça mais meu gargalhar. Ah! As rugas não me permitem ser um bocadinho mais sem-vergonha, um pouquinho mais colorida. Afinal, ninguém pode sorrir se tiver artrite e carregar uma bagagem de existência com tantas perdas, ganhos não se soma! Fazer caretas quando o rosto já virou caricatura?

A casa que reveste os sentimentos está cheia de infiltrações, uma daquele carnaval, outra criada pelo custo de vida, mais a da cerveja em excesso, as das noites em serenata com choro do bebê (toma que o filho também é seu meu senhor), noutras a minha confusão se eu sou a mulher do folhetim ou Luíza do Tom Jobim, Amélia jamais fui! Mas a cozinha onde eu sempre fiz o seu doce predileto ainda tem o velho fogão e por mais que ele não acenda as quatro bocas, uma ainda tem fogo.
 Só apaga de vez no caixão.

Olha para mim, olhos nos olhos quero ver se você nega!

  Seus olhos permanecem nos meus, então deixa sua nostalgia ser acompanhante da minha.

Se elas não ficarem sozinhas vão perder um bocado da moral para afirmarem que o ontem foi muito melhor que o hoje. Chega de saudade e me beija muito! Estou louquinha por um cheiro seu.

 

 Meus passos estão mais lentos, mas ainda fazem o mesmo percurso para encontrar seus braços no oceano de um abraço de nós dois. As sombras nas paredes esburacadas não mostram nossos cabelos brancos, apenas meus pés acompanhando os seus, nossas mãos dadas. Estamos prontos para a próxima dança. 

 Você não vale nada, mas eu gosto de você. Nunca risquei, nem jamais riscarei seu nome do meu caderno. Virou eterno com chama.

 

 

Chega de saudade (o filme)


Chico Buarque é a alma de 'Chega de saudade', diz o roteirista: 'Sempre pensava nele', conta Luiz Bolognesi, que é marido da fabulosa diretora Laís Bodanzky. Seus homens banais, suas mulheres esgotadas do cotidiano.

"Queria fazer um filme de personagem, como os argentinos fazem só que do jeito brasileiro. A gente abandonou uma história superfantástica, e começou a descer para um nível de carne e osso, que não vive nenhuma grande história, mas com o pequeno sentimento de cada momento que é muito importante."

A música como elemento narrativo do filme, como revelação do mundo interior dos personagens. O amor, a solidão, a traição, o desejo e a vontade de não deixar o samba que existe em nós morrer, fazem dessa película um caminho onde mostra o quanto vale viver a vida, apesar de tantos senões, desde que nos entreguemos sem restrição à emoção. Roteiro e direção possuem traços de uma constante inquietude e da eterna vontade de fazer do homem comum, sem viço, sem grana, o verdadeiro protagonista da vida.

 Bem no estilo do mestre Almodóvar.


Rosa Pena

22 de março de 2008

 

  Informações Técnicas:


Título: Chega de saudade   
  País de Origem:  Brasil
Gênero:  Drama
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração:  92 minutos
 Lançamento: 21 de março de  2008
Roteiro: Luiz Bolognesi
 Direção:   Laís Bodanzky 
  Estúdio:  Buena Vista

Estréia no Brasil:  21/03/2008

 

 Elenco


Leonardo Villar ... Álvaro
Tônia Carrero ... Alice
Cássia Kiss ... Marici
Betty Faria ... Elza
Stepan Nercessian ... Eudes
Maria Flor ... Bel
Paulo Vilhena ... Marquinhos

Clarisse Abujamra ... Rita
Elza Soares: Crooner da banda
Marku Ribas:  Crooner da banda

 

Obra completa em meu site pessoal.Clique em:
www.rosapena.com


 

Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 24/03/2008
Alterado em 17/08/2008
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