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Rosa Pena


 
Rabisco frases e deixo entre as folhas da minha agenda ou dentro de algum livro solto no ambiente em que estou. São avisos para minha consciência que estou relembrando alguma ligeira paixão. Mensagens, mas sem celular. Medievalmente manuscritas! Há na vida trilhões de vezes em que sentimos algo muito próximo do amor por alguém. São apegos transitórios, mas com uma intensidade momentânea tão forte, que juramos ser eterno.
 
Com o tempo esfria e depois viram histórias charmosas do que foi. Ah! Ele tinha uma barba sensacional. Que voz. Os olhos mais lindos que já vi. Danado sorriso. Como beijava bem! Cheirava minha nuca! Help! Help, I need somebody...

O encantamento por alguém pode ser periódico e isso não significa vulgaridade. Não mesmo!

Quando éramos gurias, ouvíamos histórias de donzelas que conheciam  fidalgos lindos de morrer e eles ficavam de quatro no ato por elas. Casavam e viviam felizes para sempre.

Passamos para os contos de ternura sem monarquias, com mulheres e homens tendo que viver com salários e horários complicados e para levarem na boa durante um bom tempo, ficou difícil. Virou raridade. Aos poucos vai se descobrindo que o que resiste realmente aos acertos e desacertos do cotidiano é a amizade, com carinho,cumplicidade (fundamental) construída de forma leal.


Mas, não se pode tirar o mérito das historietas do amor que era pouco e se acabou. Elas trazem lembranças e uma tremenda saudade que dependendo da hora (se estiver um climão) é bonita demais. Dói saboroso as recordações da música brega que ele assoviava, da roupa descombinada, da maldita camiseta preta que ele sabia o quanto você odiava, do orgulho dele por não ter prisão de ventre e você viver entre ameixas secas e mamões, macho que macho caga uma obra de arte, das grandes emoções no cinema em qualquer filme, das brigas por conta dos olhares imbecis para caixas de supermercado com peito grande, das viagens criadas subitamente para te dar um perdido, mas a transada maravilhosa da volta. Ui!

Esquecendo a maldita vagaba cheia de silicone, futura rainha de bateria na Sapucaí, que atravessou a sua Abbey Road rebolando bem na frente do seu “Beatles” da hora, o fim de uma paixão rende coisas bem maneiras. Uma delas, talvez a melhor, é a fantasia. Não existe quem abdique do imaginário na hora G.

Escrevi no meu torpedo doméstico um anúncio pra ele: Baby! Estou com saudades de beijos que começam pelos pés.


 
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 16/01/2012
Alterado em 19/01/2012
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